O MUNDO DESCONHECIDO DAS LAGOAS PLEISTOCÊNICAS DE CHÃ DOS PEREIRAS, INGÁ-PB, NOS MOSTRA POR QUE NÃO DEVEMOS APENAS CONHECER AS ITACOATIARAS.

Lagoa pleistocênica em Pontina/Ingá-PB

Fazendo uma pesquisa agora a pouco em torno do significado do nome, ou termo LAGOA PLEISTOCÊNICA, me recordei da minha infância, quando passava a noite acordado vigiando a minha mãe e o meu pai, cuidando para que eles não me deixassem em casa quando fossem, ainda de madrugada, visitar, ou passar o fim de semana na casa da minha avó materna, Etelvina, que morava no Sítio Barrinha.
Apesar de “braba feito siri na lata”, na casa de minha vó, tudo era novidade: um terreiro grande varrido e franjado por flores, leite de cabra fervido na panela de barro, cuscuz de milho ralado no ralo, feijão verde feito bolo na mão, com molho de guaru, coentro e tomate miúda... E a noite, clareada por um candeeiro alimentado por querosene, o melhor de tudo, as histórias e adivinhações...
O dia começava cedo. E bem cedinho! O cheiro de café morto no pau (era assim que minha mãe chamava o café torrado, e pilado no pilão em casa) nos obrigava a levantar do chão de barro batido, forrado por esteiras de junco, que durante a noite nos serviu de colchão.
Depois do café, todos iam ao TANQUE buscar água. Esta era uma obrigação que nem os menores, no caso eu, eram dispensados.

O tanque do qual aqui eu trato, era um conjunto de dois ou três reservatórios de água, formado naturalmente na rocha, e que serviam para abastecer as três ou quatro famílias que moravam em suas redondezas.

Lagoa pleistocênica de Lagoa dos Cardeiros na Chã dos Pereira/Ingá-PB

       Muitos anos depois, descobri, que naquele mesmo tanque onde eu ia com minha mãe buscar água, animais da megafauna, como tatus gingantes (Gryptodonte), preguiças gigantes (Megatherium americanum, ou Glossoterium) poderiam também ter usado de suas propriedades para matar a sede.

Figura: Preguiça Gigante
Figura: Tatu Gigante
Então, quando alguém (de modo arrogante e soberbo) lhe perguntar: O QUE SÃO LAGOAS PLEISTOCÊNICAS? A resposta é simples e direta: São tanques escavados naturalmente em rochas, que são utilizados pelo homem do campo como forma natural de armazenar água das chuvas.
Esses tanques são chamados de Lagoas Pleistocênicas, por neles serem encontrados frequentemente ossos fossilizados, pertencentes a animais da megafauna da região, que viveram no período pleistoceno.
 Na região dos Distritos Ingaenses, Chã dos Pereiras e Pontina, podemos encontrar em grande quantidade, diversidade de formas e tamanhos, estes reservatórios. Isso, graças a presença na paisagem de grandes rochedos e/ou maciços rochosos, onde a formação dos reservatórios foram insculpidas há bilhões de anos.
De beleza inigualável e de fácil acesso, o lugar, assim como outras áreas não menos importantes precisam ser divulgadas, conhecidas e reconhecidas como parte do potencial turístico e pedagógico local...


A paisagem, a história, a cultura do lugar deve e precisa ser colocada no “roteiro turístico” do município. Isso por que o INGÁ não é só As Itacoatiaras. Se assim o fosse, como explicar a existência da PEDRA DA LUA, com suas inscrições rupestres, em Chã dos Pereiras, como esquecer do SURRÃO, do Algodão, das platibandas, do Mata nego, da musicalidade das bandas marciais que tanto representou em um passado áureo o lugar?
Ainda... como não falar das bordadeiras de labirinto, dos recantos dos fugitivos como o Escapa e Pedra d’água? Como não lembrar das irmandades do ROSÁRIO, dos cabarés e das PROSTITUTAS, dos cangaceiros... Da GRUTA DOS BEXIGUENTOS?
Uma pedra colocada fora de um contexto histórico, desmembrada de um roteiro turístico local, PODE SER MUITO LINDA PARA TURISTA TIRAR FOTOS...
Porém! Pode representar para o turismo! Para a economia e a história do município! APENAS UMA PEDRA NO CAMINHO!
Façamos como fez turisticamente o Peru!

Paredão rochoso em Chã dos Pereira/Ingá-PB
Sítio Pedra D'água/Ingá-PB
Lagoa dos Cardeiros/Ingá-PB

Lagoa pleistocênica em Chã dos Pereira/Ingá-PB
Figuras: Google Imagens

2 comentários:

  1. Os tanques da região de Chã dos Pereiras, foram marcantes nos anos 70 e 80 para as labirinteiras: a lavagem das peças artesanais ( colchas,toalhas,passadeiras e panos de bandejas). Esse ofício era destacado pela sra. Corina Félix e filhas, uma atividade que ajudava a economia da família.

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  2. As lagoas pleistocênicas acumulam águas de chuvas. Assim é tido como reservatório de água para o consumo humano, abastecendo a população da região de Pontina e Chã dos Pereiras no período de estiagens.

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