SURRÃO

SURRÃO: Cangaceiros, coronéis e a violência na história de um nome


Uma das regiões mais bonitas e exuberantes de nossa terra, é também umas das mais macabras e violentas por sua história...
Foto tirada em junho de 2016, serra do Surrão

Localizado na região sudoeste do município do Ingá-PB, o Surrão é um dos lugares onde a violência cometida no passado ainda traz medo, obriga silêncio e nos aguça a curiosidade.
Afinal por que o lugar se chama Surrão?
Surrão, vem de surrar, bater, maltratar, ferir, possibilitar sofrimento ao outro. De acordo com relatos e informações colhidas em conversas informais com os moradores do lugar, houveram vários episódios violentos que podem justificar esse nome. Entre eles, podemos citar o acoitamento de bandidos que a serviços de fazendeiros, semeavam a desordem e arruaças por onde passavam impunemente.
A polícia? Fraca, frágil e sem legitimidade, era mais um divertimento para os bandidos do que uma ameaça. Afinal, numa terra onde a violência e o poder do dinheiro eram as leis, “quem tinha um olho era rei”. E nesse sentido, os donos de terras alimentados por sua ganância e fome de poder submetiam, os mais pobres e fragilizados -pela miséria - a seu julgo.
Um dos episódios mais violentos que envolve a nomenclatura SURRÃO, nos foi contado em entrevista, em 2014, pelo saudoso José Batista Lira, onde ele nos conta o seguinte: “ Havia no Surrão, um pequeno proprietário, que vivia em sua terra com sua esposa e filha. Determinado dia ele recebeu, sem convidar em sua casa, o vizinho rico e indesejável. Este, mostrava interesse em sua pequena propriedade, porém sem poder se desfazer de sua terra, o visitado rejeitou as propostas de compra. Desapontado o comprador frustrado ameaça: ‘Ou você vende ou morre! ”.
O comprador desapontado, chegando em casa, cuidou logo de contratar o serviço de bandidos, que também eram conhecidos como cangaceiros, e encomendou a morte da família.
No dia seguinte, ao ocorrido, amarrado a um toco em uma esquina da rua Floriano Peixoto, no centro do Ingá-PB, um burro exibia em seu dorso os três corpos marcados pela violência que era reservada a quem tentava desafiar o poder de um coronel.
Imediatamente ao fato, a polícia estadual foi solicitada, e percorreu toda a região do Surrão. Nesse momento, foram capturados mais de trinta cangaceiros. E, como pena de cangaceiro era morte, todos os bandidos foram sangrados por um soldado da milícia, que era irmão de Bicin (guarda noturno e proprietário de um dos cabarés do Ingá).
As covas dos bandidos degolados ainda se encontram hoje, entre o sítio Quixelô e o Sítio Surrão, como prova do ocorrido.
Há outras histórias que nos falam de corpos descartados em grutas, de cruzes sem nomes e medos de lembranças, de lutas que não foram vencidas por medo de serem lutadas...
Está é a história do Surrão! Uma história de violência, de morte, de medo e dor...


Esta é uma das vergonhas do INGÁ!!!


Foto tirada em janeiro de 2017, serra do Surrão 

Por Alexandre Ferreira

6 comentários:

  1. Parabéns Alexandre!
    Continue estudando a história de Ingá...
    Gostei muito

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  2. PARABÉNS Professor Alexandre pela iniciativa do blog que vêm relatar os fatos históricos e eventos da nossa cidade de Ingá. Ao se deparar com essa história relatada por meu querido e saudoso avô José Batista Lira me encontro entusiasmado e feliz. PARABÉNS pelo blog.

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  3. Parabéns Alexandre o Blog mostra a capacidade de filhos Ingaense mostrando seu talento.

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  4. Parabéns por nos trazer coisas novas que são desconhecidas pela maioria ou quase toda a população do nosso município.

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  5. Peaonça cangaceiro fazia Parte do grupo de Zé Totó do Ingá, Peaonça cangaceiro era de Fagundes PB sítio Craibeira.

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  6. Parabéns sou dessa região, faz surrão, com muito orgulho, família Guedes de Brito.

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