Em meados do século XIX uma
família abastarda adquiriu uma vasta região nas altas serras ao norte do
município de Ingá que com o tempo passou a ser chamado pelo nome de Serra dos
Pontes e com a chegada de mais habitantes e o progresso local está localidade
passou a ser chamada Vila Pontina, passando a categoria de distrito no ano de
1994.
Pontina está localizada ao norte
do município de Ingá. Limita-se ao norte com Serra Redonda e Juarez Távora, Sul
e Leste com Chã dos Pereiras e Oeste com Riachão do Bacamarte.
Diante das necessidades que a
comunidade do Distrito de Pontina ansiava foram fundadas duas associações. A
associação dos Agricultores do Sítio Pontina e a Associação das Artesãs Rurais.
A Associação dos Agricultores do
Sítio Pontina, foi fundada a 02 de fevereiro de 1992, tendo como objetivo
reivindicar melhorias para os agricultores. Está a frente da presidência o Sr.
Manoel Rufino Barbosa, que ocupa esse cargo desde sua criação. Através dessa
associação a comunidade já recebeu alguns benefícios como eletrificação, poço artesiano,
sementes, inseticida e máquinas de pulverizar.
A Associação das Artesãs Rurais
de Pontina, teve sua criação em 06 de outubro de 1989, com o objetivo de dar
continuidade a cultura do Labirinto e melhorar a renda familiar. A Associação
já trouxe melhoramentos para a comunidade, tais como a aquisição de máquinas
industriais, o que possibilitou a vinda de curso de corte e costura, como forma
de aperfeiçoar e profissionalizar as artesãs envolvidas.
O distrito de Pontina, assim como
outras tantas localidades do município do Ingá, é rico em história, e suas tradições
ainda vivas, sobrevivem em grande parte, por intermédio da memória das pessoas
mais velhas do lugar.
De acordo com Ingrid, uma das
minhas alunas do 3º ano do Ensino médio da Escola Estadual Luiz Gonzaga Burity,
em entrevista com os seus avós, ela nos revela uma parte da história do
distrito, que ainda não havia sido escrita.
De acordo com a memória de seus
avós,
Dona Maria Alves Barbosa 18/05/1939 e o senhor Ismael Fernandes de Souza
02/06/1934
“A Loca da Bexiga A princípio era uma
espécie de gruta, até então não usada para fim nenhum, porém quando houve um
surto de bexiga, doença que atinge a pele causando erupções e bolhas vermelhas,
sendo mais forte e necessitando de mais cuidados do que a catapora que nós
conhecemos, gerando grande incômodo aos seus portadores, foi usada para abrigar
os contagiados por essa doença. Por não terem as medicinas avançadas de hoje em
dia e também por falta de lugar para o cuidado como por exemplo um hospital,
essa foi a alternativa para diminuir o contágio das outras pessoas, isolar os
doentes. Esses só recebiam a visita de um padre para rezá-los ou de outra
figura religiosa como uma rezadeira. Deitados em folhas de bananeiras, essas
eram as suas camas para o repouso. Assim ficavam esperando serem curados pela
fé ou morrerem. Para aqueles que ficavam bons e desfrutavam dessa sorte,
poderiam voltar para suas famílias, já para aqueles que não tiveram essa sorte,
morriam na Loca da Bexiga e ficavam lá e não voltavam nem para o enterro. Por
fim á loca virou uma espécie de cemitério, existe até hoje nas suas
circunstâncias, guardando a história do passado e de como viviam sem os avanços
da medicina as pessoas dos arredores e de Pontina. Esse pedacinho do passado
que muitas vezes nos cai no esquecimento meus avós me contaram e eu acho bom
lembra-lo a vocês”. (Ingrid de Souza Oliveira 01/10/1999).
Outro
relato que nos mostra essa geografia do abandono e do medo, é mostrado por
Alessandra.
Segundo
Alessandra de 19 anos, aluna da Escola Luiz Gonzaga Burity, neta paterna de Terezinha
Fernandes, de 71 anos, nascida no Sítio Pontina – município de Ingá, nos conta
que, de acordo com a sua avó: “a loca da
Bexiga tem esse nome porque no passado, as pessoas com bexiga eram levadas para
esse lugar onde ficavam isoladas. Nesse período de isolamento, as famílias
levavam comida e outras viveres para os isolados até que eles adquirissem a cura,
ou até morrem”.
Os bexiguentos da loca da
Bexiga viviam nus por não aguentarem usar roupas por causa da chargas causadas
pela enfermidade”. A sua avó Terezinha em suas memorias
relata para a neta que isso ocorria no tempo de seus avós.
A
loca da Bexiga e na verdade um conjunto de cavernas sobrepostas em forma de
Triplex, onde no final do século XIX, devido uma grande epidemia de varíola que
acometeu a população local, foi utilizada como abrigo ou cemitério para as
pessoas contagiadas pelo vírus da doença.
Em
2004, quando eu lecionava a disciplina de história na escola Frei Herculano no
Distrito de Pontina, tive a oportunidade de visitar duas ou três vezes a Loca
da Bexiga, buscando resgatar, por meio da memória local, parte da história do
povoado.
Eu
lembro que conversando com algumas senhoras, elas me informaram que os doentes
eram isolados na loca para não contaminar o restante da população. E, que ninguém
poderia ir lá, ou ter contato com as pessoas infetadas.
Apenas
duas pessoas poderiam ir ajudar, cuidar dos bexiguentos: Um padre e uma mulher
que já haviam sido contaminados e, sobreviveram a doença, ficando curados.
Além
da história do lugar, a Loca da Bexiga nos cativa pela sua beleza e imponência.
A natureza exuberante, os maciços rochosos, as lagoas pleistocênicas, os lagos,
os açudes e rios nos fazem querer voltar sempre.
Ótimo
lugar para descansar!
Excelente
opção para se realizar turismo pedagógico
Parabéns pela iniciativa
ResponderExcluirMUITO OBRIGADO MINHA AMIGA. NÓS QUE FAZEMOS O BLOG AGRADECEMOS
ExcluirParabéns pela iniciativa
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ExcluirMuito bom Professor!
ResponderExcluirGostaria de visitar esta caverna.
QUANDO VOCÊ QUISER MEU AMIGO!
ExcluirParabéns professor.
ResponderExcluirMUITO OBRIGADO!
ExcluirÓtima iniciativa! Muito bom resgastar esse pedaço da história de Pontina
ResponderExcluirE DIGA-SE DE PASSAGEM DE NOSSA HISTÓRIA! MUITO OBRIGADO TÉSSIO.
ExcluirParabéns pela postagem. Muito bom conhecer um pouco mais do lugar por onde passaram os meus antepassados.
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