Durante todo o período
que a civilização ocidental se utilizou da escravização de africanos para
realizar trabalhos braçais, muito dos crimes que foram cometidos pelos brancos
contra a cultura e o corpo dos escravizados foi abafado, ou melhor maldito pela
história.
Ser
negro nessa sociedade em que ao branco cabia tudo, era “normal” prelados estuprarem
seus escravos, senhores atearem fogo em seus cativos velhos, crianças negras serem
usadas como isca para pescar jacaré, mulheres negras serem usadas em experimentos
ginecológicos extremamente dolorosos...
CRIANÇAS NEGRAS ERAM USADAS NA FLORIDA, USA, COMO ISCA PARA PEGAR JACARÉ |
MULHERES NEGRAS ERAM USADAS NOS EXPERIMENTOS GENECOLÓGICOS DO MEDICO JAMES MARION SIMS EM 1845. |
Apesar
de todo o sofrimento físico que foi impresso no corpo e na alma do cativo, nada
se compara com a violência que foi inscrita contra a cultura e a história do
africano no Brasil. Ser negro em uma sociedade onde a cor deveria ser apenas
uma característica física, tornou-se o principal motivo para exacerbar e
cristalizar preconceito contra a cultura de toda uma gente.
Percebemos
o preconceito quando se fala do cabelo do negro, da cor do negro, do cheiro do
negro, da religião africana.
OFERENDAS NO CAMBOMBLÉ |
Nesse
contexto preconceituoso da história do Brasil em que o negro indubitavelmente é
sujeito, ainda falta muito conhecer sobre sua história e sobre a sua cultura.
Desde modo, e só assim, poderemos entender e quem nem sempre o que nos
ensinaram foi toda a verdade.
"De acordo com o professor Leandro
(historiador da UnB) as oferendas deixadas nas encruzilhadas era uma forma dos
negros alimentarem seus irmãos escravos que estavam fugindo dos feitores. Os
pretos escolhiam lugares estratégicos por onde escravos fugitivos passariam e
colocavam comida pesada; carne, frango e farofa porque sabiam da fome e dos
vários dias sem comer desses indivíduos e deixavam também uma boa cachaça pra
aliviar as dores do corpo e dar-lhes algum prazer na luta cotidiana. As velas
eram postas em volta dos alimentos pra que animais não se aproximassem e
consumissem o que estava reservado para o irmão em fuga e aí surge o que todos
conhecem como macumba. O rito permanece sendo realizado pelas religiões afro
como forma de agradecimento e pedidos aos seus ancestrais e em homenagem a seus
santos. A cultura branca e eurocêntrica foi quem desvirtuou a prática, para
causar medo, terror e abominação e reforçar os preconceitos e discriminações
contra os negros. Não tenho religião e não pratico nenhum culto mas gosto de
saber que já houve tanta solidariedade no mundo e que as pessoas se preocupavam
muito umas com as outras a ponto de fazerem um esforço pra alimentarem alguém
mesmo sem conhecerem o seu rosto. Hoje vejo tanta gente em igrejas e igrejas em
tantos lugares servindo apenas como instrumento de manipulação e exploração da
fé alheia para manutenção do poder. Enfim nós não evoluímos”.
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