sábado, 20 de maio de 2017

DEU O ÚLTIMO SUSPIRO O CASARÃO BICENTENÁRIO DA SENZALA DO INGÁ!

Nunca foi tão difícil falar de história, memória cultura e patrimônio, principalmente quando se vive em uma cidade que segrega, esconde e aleija aquilo que poderia lhe representar.
No que diz respeito ao patrimônio público, respectivamente a memória e a história do lugar, nos conta o historiador Alexandre Ferreira (2012), em seu livro: INGÁ: retalhos da história ... Resquícios de Memórias!



Fotos do Casarão, e aula de campos com os alunos da Escola Major em 2016

“[...] As praças foram destruídas, inventadas e reinventadas. As casas em estilo arquitetônico europeu ou popular foram descascadas, amputadas e depois engessadas por um revestimento cerâmico sem nenhum pudor.
As bandas marciais ensurdeceram e, uma vez ou outra, e de vez em quando, se escuta de madrugada os gemidos de uma sobrevivente que se confundem com gritos de socorro e de dor de uma viúva pobre e doente.
As glórias conquistadas no passado com o esplendor do algodão parecem não assumir hoje significado algum.
O medo, a violência instituída em um, tempo... Em uma época em que “quem tinha um olho era rei” foram derrotados pela desinformação, pelo desinteresse em compreender as causas geradoras de tais sentimentos.
Como entender aquilo que ficou no passado se não vivenciamos este período? Como compreender tal momento, se tudo que existiu foi desbotado pela ação do tempo ou pela ignorância das pessoas, e, que às vezes aparecem como elementos fantasmagóricos que por vezes nos assustam tanto e ao mesmo tempo nos fascina?
Como lidar com um passado que deixou resquícios tão tênues?
O que fazer com as nossas interrogações, tantas vezes frustradas por vazios impreenchíveis? Outras vezes recompensadas por fios de lembranças herdadas! ”
Pois bem! Hoje, dia 20 de maio de 2017, ao passar na Rua ou Bairro da Senzala, no município do Ingá, não acreditei naquilo que meus olhos viam.  O CASARÃO BICENTENÁRIO, ONDE FUNCIONOU A SENZALA DOS AZEDOS VEIO AO CHÃO!


Ruínas  do antigo casarão da Rua da Senzala no Ingá,PB. Fotos: Alexandre Ferreira

O pelourinho que lá havia, onde os escravos rebeldes eram açoitados, há algum tempo foi arrancando... O que me entristece de tudo isso é a falta de consciência das pessoas, do poder público e do povo em saber (ou não saber) que sem passado não possuímos presente e nem tão pouco futuro.
A queda da casa grande da Senzala é mais uma prova de que a arrogância, as desinformações são mais importantes do que aquilo que nos resgatou da condição de simples animais e nos colocou no topo da cadeia como seres pensantes: A CULTURA.
A PERGUNTA QUE FICA É: ONDE ESTAR A PLACA COM O NOME DA RUA, QUE O CASARÃO OSTENTAVA E LEMBRAVA que a senzala teve nome, teve dono, houve escravos e sofrimento e que servia principalmente para nos lembrar quem são os crápulas da história?



A queda do casarão da Senzala é mais um passo que nós Ingaenses damos contra a história, contra a memória e a luta de todo um povo... É aceitar a submissão, o esquecimento e a violência cometida sobre o  corpo e a alma  do cativo.
Parafraseando o líder negro Norte Americano Martin Luther King: “O que me preocupa não é o grito dos maus. É o silencio dos bons”.


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