Nunca foi tão difícil
falar de história, memória cultura e patrimônio, principalmente quando se vive
em uma cidade que segrega, esconde e aleija aquilo que poderia lhe representar.
No
que diz respeito ao patrimônio público, respectivamente a memória e a história
do lugar, nos conta o historiador Alexandre Ferreira (2012), em seu livro: INGÁ: retalhos da história ... Resquícios
de Memórias!
“[...] As praças foram destruídas, inventadas e reinventadas. As casas em
estilo arquitetônico europeu ou popular foram descascadas, amputadas e depois
engessadas por um revestimento cerâmico sem nenhum pudor.
As bandas marciais ensurdeceram e, uma vez ou outra, e de vez em
quando, se escuta de madrugada os gemidos de uma sobrevivente que se confundem
com gritos de socorro e de dor de uma viúva pobre e doente.
As glórias conquistadas no passado com o esplendor do algodão parecem
não assumir hoje significado algum.
O medo, a violência instituída em um, tempo... Em uma época em que
“quem tinha um olho era rei” foram derrotados pela desinformação, pelo
desinteresse em compreender as causas geradoras de tais sentimentos.
Como entender aquilo que ficou no passado se não vivenciamos este
período? Como compreender tal momento, se tudo que existiu foi desbotado pela
ação do tempo ou pela ignorância das pessoas, e, que às vezes aparecem como
elementos fantasmagóricos que por vezes nos assustam tanto e ao mesmo tempo nos
fascina?
Como lidar com um passado que deixou resquícios tão tênues?
O que fazer com as nossas interrogações, tantas vezes frustradas por
vazios impreenchíveis? Outras vezes recompensadas por fios de lembranças herdadas!
”
Pois bem! Hoje,
dia 20 de maio de 2017, ao passar na Rua ou Bairro da Senzala, no município do
Ingá, não acreditei naquilo que meus olhos viam. O CASARÃO BICENTENÁRIO, ONDE FUNCIONOU A
SENZALA DOS AZEDOS VEIO AO CHÃO!
Ruínas do antigo casarão da Rua da Senzala no Ingá,PB. Fotos: Alexandre Ferreira |
O
pelourinho que lá havia, onde os escravos rebeldes eram açoitados, há algum
tempo foi arrancando... O que me entristece de tudo isso é a falta de consciência
das pessoas, do poder público e do povo em saber (ou não saber) que sem passado
não possuímos presente e nem tão pouco futuro.
A queda da
casa grande da Senzala é mais uma prova de que a arrogância, as desinformações
são mais importantes do que aquilo que nos resgatou da condição de simples
animais e nos colocou no topo da cadeia como seres pensantes: A CULTURA.
A PERGUNTA
QUE FICA É: ONDE ESTAR A PLACA COM O NOME DA RUA, QUE O CASARÃO OSTENTAVA E LEMBRAVA
que a senzala teve nome, teve dono, houve
escravos e sofrimento e que servia principalmente para nos lembrar quem são os crápulas
da história?
A queda do
casarão da Senzala é mais um passo que nós Ingaenses damos contra a história,
contra a memória e a luta de todo um povo... É aceitar a submissão, o esquecimento e a violência cometida sobre o corpo e a alma do cativo.
Parafraseando
o líder negro Norte Americano Martin Luther King: “O que me preocupa não é o grito
dos maus. É o silencio dos bons”.
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