segunda-feira, 1 de maio de 2017

A MENINA DOS OLHOS DE LA BANCA!

Gostaria aqui de rever, ou melhor, de reformular uma frase que já foi repetida e reproduzida, talvez, por milhares de vezes por pessoas que se habituaram a reproduzir, sem questionar aquilo que chega até seus ouvidos.
Edjane Babosa do Nascimento, como Madrinha de Reynaldo Jônatas La Banca, em ocasião da cerimonia que deu o titulo de cidadão ingaense ao referido pesquisador em 06 de abril de 1978, no Clube A União Cultural Ingaense.

Trata-se da frase: “O INGÁ SÓ É CONHECIDO MUNDIALMENTE POR CAUSA DAS ITACOATIARAS”.  Verdade seja dita, e temos que reconhecer a importância e o valor que representa as Itacoatiaras para nós e para o mundo. No entanto, é preciso que lembremos que esse RETRATO MUNICIPAL, quase deixou de existir na mesma década (1970) em que se tornou o ESPELHO MAGICO da cultura municipal. As pessoas, o poder público local viam as inscrições milenares com certo repudio! Se assim não o fosse, como explicar os tiros que foram dados na pedra. Como explicar os serviços de cantaria que foram instalados lá?
MULTA APLICADA A PREFEITURA MUNICIPAL DO INGÁ POR ESTAR DESTRUINDO AS ITACOATIARAS

Foi em meio a essas e outras contradições, que chegou ao município do Ingá, o Pesquisador Histórico e Turístico (como ele próprio se nomeava), REYNALDO JÔNATAS LA BANCA. Segundo informações obtidas a partir de entrevistas com a população local, documentos escritos e fotografias, “SEU LA BANCA” como ficou conhecido o pesquisador entre a população local, chegou ao Ingá por volta de 1977, e, como mostra seu currículo, já trazia na bagagem uma vasta experiência em resgatar, pesquisar e “construir” a identidade e a cultura turística de vários locais.
Apesar de ter nascido no Peru, Reynaldo Jônatas La Banca foi um grande incentivador divulgador e conhecedor da cultura e da história brasileira. No que diz respeito ao município do Ingá, podemos dividir a história do turismo da cidade antes e depois de Seu La Banca. Pois foi por meio de seu trabalho que “ o mundo passou a conhecer as pedras e as Itacoatiaras se tornaram referência do Ingá para o mundo”.
Ainda na primeira metade da década de 1970, o Ingá era desprovido de símbolos como Hino, bandeira e brasão. Coincidentemente (ou não), foi a partir da presença de La Banca no município que esses símbolos emergiram ligando a cidade as Itacoatiaras, e assim, consequentemente criando um roteiro turístico para o Ingá.
Reynaldo Jônatas La Banca, chega ao município do Ingá nos últimos meses do ano de 1977 para lecionar aulas de turismo em dois cursos de relações humanas, patrocinado pelo CENAC. Ele ainda organizou um curso de Conhecimentos e recepções turísticas as Pedras do Ingá, patrocinado pela PB-TUR, CENAC e PREFEITURA DE INGÁ.
Em março 1978, La Banca foi contratado pela prefeitura municipal de Ingá para organizar a Monografia em estilo de “GUIA TURÍSTICO” com o título: “INGÁ, sua história, seu povo e sua evolução”. Nesse mesmo tempo, foi contratado pelo então prefeito do município para recuperar o extinto-arquivo municipal.
O EX- PREFEITO JOSÉ CLAUDINO DA SILVA ( ZÉ GRANDE) COM O PESQUISADOR REYNALDO JÔNATAS LA BANCA, NO ARQUIVO DA PREFEITURA MUNICIPAL DO INGÁ EM 1978

Foi no governo municipal de José Claudino da Silva (ZÉ Grande), que o Ingá reivindicou e construiu a partir das Itacoatiaras à sua Identidade Turística. E isso só foi possível graças à parceria que Zé Grande criou com dois visionários: o Professor Carlos Herriot Fernandes e o emblemático pesquisador Reynaldo Jônatas La Banca.
LEI MUNICIPAL, CRIADA PELO EX- PREFEITO JOSÉ CLAUDINO DA SILVA (ZÉ GRANDE), INSTITUINDO A CRIAÇÃO DOS SÍMBOLOS DO INGÁ

Graças a essa parceria foram criados e institucionalizados os símbolos que hoje representam o Ingá: a Bandeira, o Brasão e o hino.
CARLOS HERRIOT FERNANDES

BANDEIRA DO INGÁ

BRASÃO DO INGÁ


La Banca, como humanista que foi, soube perfeitamente se incluir como parte integrante da população, vinculando laços com as mais diversas camadas da sociedade. Procurou levar cultura para aqueles que não tinha acesso, exibindo filmes nos bairros mais pobres do Ingá, como nos bairros do Tijolo Cru, Emboca e Senzala.
A permanência de La Banca no Ingá, ainda é lembrada por Edneide Barbosa que nos revela um pouco de sua história.
De acordo com Edneide, Reynaldo Jônatas La Banca é Peruano, e se desgarrou no mundo, ou melhor, saiu do Peru e veio para o Brasil, depois da separação de sua esposa. Edneide ainda nos conta que La Banca era muito amigo de sua família, e frequentava sempre a sua casa para ter longas conversas com seu pai, seu Zé Barbosa.
A ESQUEDA EDJANE BARBOSA DO NASCIMENTO, AO CENTRO ALEXANDRE FERREIRA, A DIREITA EDNEIDE BARBOSA DO NASCIMENTO

Como tinha poucas roupas, e não possuía família na cidade, muitas vezes La Banca pediu para Dona Isaura lavar seu famoso terno listrado.
ALEXANDRE E DONA ISAURA BARBOSA DO NASCIMENTO

No ano de 1978, Edjane Barbosa do Nascimento, uma das filhas de seu Zé Barbosa e Dona Isaura, tinha apenas 4 anos de idade. La Banca, longe da família e carente do afeto dos filhos, transmite para Jane a doçura e o carinho que só um pai pode ter por uma filha.
Edneide Barbosa, uma das irmãs mais velhas de Jane, nos conta que, mesmo seu Zé Barbosa tendo uma VENDA na qual se vendia entre outras coisas, chicletes, balas, pirulitos e outros tipos de doces, La Banca não deixava de levar todos os dias para Jane uma grande quantidade de guloseimas.
Em 06 de abril de 1978, Reynaldo Jônatas La Banca é agraciado pela Câmara Municipal do Ingá com o Título de Cidadão Ingaense. No momento da cerimônia de entrega do título, há uma grande festa no Clube União Cultural Ingaense. E nessa festa de cerimônia de entrega da mais alta honraria que pode ser dispensada por uma câmara de vereadores a um indivíduo, encontrava-se ao lado do pesquisador Reynaldo Jônatas La Banca, com apenas com 4 anos de idade, a menina Edjane Barbosa do Nascimento, o acompanhado como madrinha.
LA BANCA E SUA MADRINHA JANE NA CERIMONIA DE RECEBIMENTO DO TITULO DE CIDADÃO INGAENSE



Essas fotos, nas quais aparece Jane ao lado do pesquisado Reynaldo Jônatas La Banca, eu havia visto a 24 anos atrás, quando nós ainda éramos adolescentes.
Foi a partir dessas fotos, que nos do Blog O Ingaense, decidimos procurar saber mais sobre a estada desse pesquisador na cidade do Ingá e do papel que ele desempenhou como pesquisador e fomentador de identidade.
Foi graças ao trabalho de La Banca que as pedras se tornaram símbolo do município e o Ingá pode ser reconhecido mundialmente por causa delas... assim como Jane se tornou a menina dos olhos do pesquisador!

CURRÍCULO DE REYNALDO JÔNATAS LA BANCA

1-  Curso de mecanografia na NCR do Brasil (RGS);
2 – Curso de Operador Ruff de Contabilidade (SP);
3 – Organizador de monografias MUNICIPAIS: Históricas, turísticas nos Estados e territórios: Território do Acre, Amazonas, Pará, Norte do Mato Grosso, Norte de Goiás, Maranhão, Piauí, e municípios as margens das Rodovias Eng. Euclides da Cunha “Transamazônica BR 230 e Rod. Cap. Pedro Teixeira, BR 316 de Belém do Pará à Maceió-Alagoas, pesquisado até o Sertão de Pernambuco em Cabrobó, TRIANGULO DO CARIRI: Barbalha, Juazeiro do Norte e Crato.
4 – Palestra sobre a conquista e Integração da Amazônia, em estabelecimentos de Ensino e Cultura, por esses Brasis afora.
5 – Palestras sobre o Cap. Pedro Teixeira, o conquistador da Amazônia para o Centro Cultural do MOBRAL (ECULT) em todos os municípios visitados.
6 -  Curso de Turismo pelo SENAC em 1973 (São Luiz – MA).
7 – Palestra sobre as comunicações rodoviárias da Amazônia.
8 – Descobridor da mais recente cidade de pedras (Formações rochosas) na margem direita das rodovias 230/316 entre Picos e Gaturiano no Piauí, hoje importante ponto turístico.
9 – Reportagens e crônicas em Jornais rádios e TV.
10 – Palestra sobre roteiro turístico de Fortaleza à Belém do Pará, pelo triangulo do Cariri, em uma aula pela ENCETUR.
11 – Organizador de uma especial MONOGRAFIA de natal Rio Grande do Norte, para a EMPROTUR.
12 – Apresentado pela PB-TUR, a prefeitura de Cabedelo, onde organizou a Monografia do Quilometro Zero da Rod. Eng.  Euclides da Cunha BR 230 “Transamazônica”.
13 -  Foi o idealizador do Brasão e da Bandeira de Cabedelo, representando a mais importante história da colonização paraibana.
14 – Em março, foi contratado pela prefeitura de Ingá para organizar a Monografia em estilo de “GUIA TURISTICO” com o título “INGÁ, sua história, seu povo e sua evolução”.
15 – Foi contratado para a recuperação do extinto-arquivo municipal.
16 – Fez pesquisas no Instituto Histórico e Geográfico da Paraíba, em Bibliotecas de João Pessoa e Campina Grande, sobre as interpretações dos vários cientistas que estiveram nas Itacoatiaras do Ingá, chegando a conclusão, com documentos comprobatórios de que foram os Fenícios os autores das gravações referidas.
17 – Autor de inúmeras reportagens em Jornais, rádios e TV na divulgação do potencial turístico e artesanal do Ingá.
18 – Deu aulas de turismo em dois cursos de relações humanas, aqui em Ingá, patrocinado pelo CENAC.

19 – ORGANIZOU O PRESENTE CURSO DE CONHECIMENTOS E RECEPÇÃO TURÍSTICA DAS PEDRAS DO INGÁ, com o patrocínio da PB-TUR, CENAC  e PREFEITURA DE INGÁ

CURRÍCULO DE REYNALDO JÔNATAS LA BANCA FEITO POR ELE PRÓPRIO


7 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Parabéns a vocês do blog!
    Muito boa à matéria...

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  3. Parabéns pelo blog e as belas histórias professor 👏👏

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  4. Cada dia o blog o ingaense nos supreendem com histórias fascinantes do nosso município,parabénsaos que fazem este blog pela dedicação e preocupação dw sempre trazer algo novo para seus leitores...

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  5. Cada dia o blog o ingaense nos supreendem com histórias fascinantes do nosso município,parabénsaos que fazem este blog pela dedicação e preocupação dw sempre trazer algo novo para seus leitores...

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  6. Parabéns, Alexandre!
    Seu blog é rico em História e ótimas lembranças.
    Minha mãe (Lindalva) É meu pai (Rafael), se alegraram em rever a fotografia de La Banca (la banquinha), segundo eles, Grande historiador da época.
    Infelizmente nossos representantes passam por CIMA,de uma data tão importante para o Ingá e os Ingaenses, como apenas, mais uma data em um calendário.
    Saudosa é a lembrança, de quando em nossas Escolas se tinha o respeito em cantar todos os dias, o Hino de nossa Bandeira, assim como o de nossa Cidade.

    Parabéns!!!!������

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  7. Este comentário foi removido pelo autor.

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