Monumento
reconhecido mundialmente pela sua singularidade, beleza e ousadia (elementos estes representados nas
técnicas utilizadas pelo primitivo em sua elaboração), as inscrições Pedras
Itacoatiaras do Ingá, desponta dentre o acervo da Paraíba como o
mais importante e intrigante registro de nossa pré-história.
![]() |
FOTO ORIGINAL: DANIEL ULISSES - EDIÇÃO: DENNIS MOTA |
Em relação à origem das inscrições ainda há muitas divergências entre os cientistas e curiosos que estudam este monumento. A principal discussão é dúvida em relação à origem das inscrições Itacoatiaras do Ingá gira em torno de quem foram seus autores. Há suposições e hipóteses que foram os fenícios, os hititas, ou até mesmo seres extraterrestres. Porém nenhuma dessas linhas de pensamento tem respaldo científico.
As várias interpretações e divergências
em torno do monumento Inscrições Pedra do Ingá
Famosa no
mundo inteiro, eleita pela Assembleia Legislativa do Estado da Paraíba, a sua
5ª maravilha, 2º monumento arqueológico tombado pelo IPHAN. A Pedra do Ingá
disputa dentre os achados arqueológicos do Brasil, como uma das mais
intrigantes e misteriosas dentre as descobertas pré-históricas do Século XX.
Apesar da
importância que as Itacoatiaras do Ingá ocupam na sociedade paraibana de
arqueologia, no Brasil e no mundo, o que se sabe dela ainda é muito pouco. Quem
foram seus autores? Que técnicas utilizaram para a realização deste trabalho?
Que datação podemos definir para afirmar a idade desse monumento arqueológico?
![]() |
PEDRA ITACOATIARAS DO INGÁ - FOTO: ALEXANDRE FERREIRA |
Quanto aos
executores das Itacoatiaras do Ingá, as opiniões entre os estudiosos do
monumento são diversas:
A
pesquisadora Drª. Gabriela Martin defende que as inscrições seriam obra dos
Índios Cariri.
Quem
compartilha da mesma ideia, é o professor aposentado da UFCG, Josemir Camilo.
Ele afirma que as Pedras do Ingá foram insculpidas há 2.000 mil anos atrás pela
etnia cariri.
Outro
renomado pesquisador de arqueologia paraibana que também concorda com essa
linha de pensamento e Leon Clerot. Porém há um impedimento para a sustentação
dessa tese, pois os cariris se estabeleceram tardiamente no território
paraibano, ou seja, no mesmo momento em que ocorria o processo de colonização europeia
esse espaço (séculos XVI – XVII).
Outro elemento que contradiz a tese desses
pesquisadores e a opinião do pesquisador Balduino Lélis. Segundo Lélis, os
índios cariris não sabiam o significado das inscrições existentes na pedra do
Ingá, nem tão pouco tinha noção de quem às realizou.
Para
o pesquisador José Elias Borges a datação dos registros rupestres das
Itacoatiaras do Ingá deve datar entre 3.000 a 5.000 mil anos, portanto não podem ser
uma obra dos índios cariris, pois os cariris só chegaram à região do Ingá
muitos anos mais tarde.
Para
Raul Córdula, artista plástico paraibano, as inscrições Itacoatiaras do Ingá,
teriam sido obra do próprio Sumé¹, nesse aspecto os índios cariris foram apenas
guardiões das inscrições. Mas se estes indígenas foram de fato os guardiões das
Itacoatiaras, como explicar o fato de sua total ignorância diante o significado
das Itacoatiaras?
No
inicio da década de 1970, o pesquisador Marcel Hamet, estudando as ilustrações
de Pereira Jr., assegurou que os registros do Ingá são obras de uma civilização
magdalense, cuja idade dos baixos-relevos fixa-se entre 10.000 e 15.000 mil
anos. (BRITO; 2008, p.40).
Inspirados
no pensamento de Eric Von Däniken*, muitos estudiosos das inscrições
Itacoatiaras do Ingá acreditam que elas foram realizadas por seres
extraterrestres. Entre os crentes nesta teoria, se encontra o jornalista e
ufólogo amador Pablo Vilarubia* e o professor da UEPB Antônio Carlos Belarmino.
O primeiro diz que “numa noite enluarada de
frente a pedra do Ingá, teve uma visão, através de ‘projeção mental’, onde viu
um índio acerca do uso de vários objetos metálico, semelhantes a pistolas, que
acionados sulcava na pedra os registros”. (BRITO, 40).
O segundo
diz que não há nas inscrições Itacoatiaras nenhum desenho ou símbolo que sugira
o contato dos indígenas com seres vindos de outro planeta ou galáxia. Pois suas pesquisas são relacionadas apenas
as inscrições do Brejo paraibano. Portanto o seu conhecimento sobre as pedras
do Ingá é muito pouco para lhe permitir emitir opinião sobre seus autores.
No meio
artístico, um personagem que defende a ideia de que a pedra do Ingá é um
monumento de procedência alienígena, e o cantor e compositor Zé Ramalho, que
dedicou as Itacoatiaras o seu primeiro Álbum “Paêbirú” (Lula Cortez e
Zé Ramalho, 1974), no qual traz músicas como “nas Paredes da Pedra Encantada”,
“Pedra templo Animal” e Trilha de Sumé”.
Como
foram feitas as inscrições Itacoatiaras do Ingá?
Não
se sabe ao certo como e quando foram feitas as inscrições rupestres
Itacoatiaras o Ingá. A única coisa que podemos afirmar é que elas existem e são
a prova incontestável da existência de um povo que soube marcar como nenhum
outro a sua passagem pelo nosso continente e que por algum motivo se dedicaram
a difícil tarefa de esculpir na fase dura da rocha um enredo, que pela técnica
utilizada denuncia a sua superioridade técnica em relação a outros povos de sua
época.
Segundo
Vanderlei de Brito as inscrições Itacoatiaras do Ingá foram realizadas em
períodos de estiagem, pois é neste momento que as águas do rio Ingá, no leito
do qual se encontram as Itacoatiaras, tomam seu curso normal, fato este que
deve ter possibilitado ao (s) escultor (es) seu trabalho.
![]() |
QUADRO DE VANDERLEY DE BRITO |
Há
correntes de pesquisas que acreditam que as inscrições rupestres do Ingá podem
ter sido feitas com instrumentos de metal. Um desses pesquisadores é o
professor Clóvis dos Santos Lima. Ele diz que a pedra do Ingá se localiza em
uma região onde há uma grande quantidade de minério de ferro, e por isso
pressupõe que o ferro tenha sido usado para insculpir às figuras na pedra.
A
pesquisadora Marli Trevas segue esta mesma linha de pensamento. Ela acredita
que as inscrições levaram cerca de 20
a 50 anos para serem insculpidas e polidas com a ajuda
de instrumentos feitos de metal.
Apesar da
convicção desses pesquisadores em afirmar que as inscrições rupestres do Ingá
tenham sido feitas com instrumentos de metal, é conhecido no meio cientifico
que os povos pré-cabralianos não conheciam o metal ou faziam uso dele.
Neolítico
ou Idade da Pedra Polida?
Definir
uma datação para as Inscrições da Pedra Itacoatiara do Ingá ainda parece um
problema que divide a sociedade de arqueologia e os diversos ramos da ciência
que se ocupa em pesquisar e estudar o monumento.
No
entanto, encontraram-se no território do município do Ingá, instrumentos, ou
artefatos de pedras tecnicamente aprimorados. As pedras encontradas no Ingá são
polidas e bem-acabadas.
Além da
caça e da pesca e da coleta, acredita-se que o homem que insculpiu as pedras do
Ingá, já praticava a agricultura, fato este que possivelmente tenha
possibilitado a sua fixação neste local, tornando-o sedentário. Com a
descoberta da agricultura o homem do Ingá ganhou mais tempo para criar, pois a
partir desse momento não era mais necessário a luta incessante pela
sobrevivência e o deslocamento periódico em busca de comida.
Com base
nos instrumentos encontrados no território do Ingá, como machadinhas e outros
objetos e levando-se em consideração a técnica utilizada pelo homem para
insculpir a pedra. Supõe-se que as Itacoatiaras do Ingá tenham sido elaboradas
no Período denominado de Neolítico, e tenha a sua datação estimada entre 5 a 6 mil
anos atrás. Porém esta afirmação é difícil de ser comprovada, pois o monumento
encontra-se em local difícil de realizar escavações arqueológicas (por sofrer
com constantes inundações e enchentes) que comprovem a sua idade.
As
Itacoatiaras do Ingá aguçam perturbam e incomodam por não se enquadrarem a um
discurso ou explicação lógica de sua existência, e talvez seja por isso que ela
que chame tanto a atenção e permeie de forma tão fantástica e misteriosa o
universo imaginário das pessoas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário