A
sexualidade dentro dos padrões da normalidade da sociedade judaico-cristã, sempre foi vista
como algo pernicioso e degenerativo da ordem, da moral e dos bons costumes. Por
isso as prostitutas, os xibungos, as adulteras... até pouco tempo atrás eram
relegados a marginalidade, a exclusão e a toda gama de preconceito e maldade
que uma sociedade carola e falso moralista poderia dispor.
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O Cadeirudo, da novela a Indomada |
Nessa
sociedade, mulher separada era QUENGA! Moça deflorada! Era QUENGA também!
Moça
deflorada, desonrada, filha de rico, tinha duas escolhas: ou o pai processava o
deflorador dizendo que ele estava mentido para tirar proveito da fortuna que a
filha iria herdar! Ou ela era colocada no convento para se tornar “NOIVA DE
CRISTO”!
Quando
o defloramento acontecia com filha de pobre, a mãe ia logo pra delegacia, “DAVA
PARTE”. O delegado instaurava um processo para apurar a perca da honra da moça
ofendida.
A
perícia para detectar o crime era feita na casa do juiz, com a ajuda de dois
cidadãos de conduta” ilibada” da sociedade Ingaense.
Na
casa do meritíssimo, a moça era colocada em cima de uma mesa. Suas pernas eram arqueadas,
e o procedimento era feito literalmente na “DEDADA”. Raramente uma moça pobre
deflorada casava, pois haviam das negociações, um outro processo que corria à
revelia para provar a mau conduta da moça.
Houve
um caso em 1934 aqui no Ingá, que um filho de uma família tradicional deflorou
uma menina pobre e não quis casar.
Houve
o andamento do processo. E, alguma coisa haveria de ser feita para restaurar a
honra e o futuro da pobre menina deflorada. Vale ressaltar que o casamento era
a única forma ou maneira de devolver a honra a família. Porém nesse caso, houve
uma outra maneira: O MARFAZEJO DEFLORADOR,
juntamente com sua família, propôs a mãe da denunciante um ACORDO: daria a menina uma casa de tijolos, uma vaca
leiteira, uma carroça, um burro e quinhentos contos de reis, caso a mãe da moça
desistisse do processo. A mãe aceita. O processo foi encerrado, e a menina teve
sua “hora restituída” com os agrados que recebeu.
Porém
nem tudo estava perdido! Nessa sociedade Ingaense de “RICOS E VIRTUOSOS”
houveram sim xibungos casados e enrustidos! Houveram sim as GUENGAS casadas que
não saiam do pensamento e nem da boca dos cachaceiros do BAR DE MOTA!
NÃO
POSSO REVELAR A FONTE! Mas me foi confidenciado que em meados da década de 1950
nas redondezas da rua do IMBOCA (aproveitando-se que a luz do Ingá nesse período
era a motor e ficava acessa das 18 às 22 horas da noite), elementos ocultos (aproveitando
da ausência dos maridos que por falta de trabalho e das condições impostas pela
seca, deixavam suas mulheres sozinhas e seguiam para o brejo com o intuito de "
trabalhar na palha da cana”), atacavam as mulheres, tentando manter com elas
contato sexual.
As
pobres mulheres se defendiam como podiam! Mas parece que O GRITO por socorro ou
como forma de denunciar o invasor nunca foi usado por elas!
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O Cadeirudo, da Novela a Indomada |
As
“molestadas” nunca conseguiram identificar os “tarados”. No entanto, todas as ‘vítimas
constipadas’... AO SEREM INTERROGADAS, repetiam a mesma frase pronunciada pelo
tarado, que segundo elas, A PROFERIA ritualmente no momento que atacava.
Um
dos tarados ficou conhecido por “FAVA PURA”, pois ao imobilizar suas vítimas
ele dizia: “MEU NOME É FAVA PURA! NA CASA QUE NUM TEM HOME EU SIRVO DE MISTURA!
”
Outro
tarado conhecido nas redondezas do Imboca era “Cumim e seu cartão de visita era
a frase: “MEU NOME É CUMIM! NA CASA DE QUE NÃO TEM HOME EU FAÇO MEU NIM!”
Sobre
o tarado Sebão, as mulheres atacadas não relataram frases ditas por ele. Só
acrescentaram que ele era muito oleoso, ou seja, escorregadio.
Todas as mulheres
atacadas eram casadas. Os tarados nunca foram identificados.
Pois
é! Haja imaginação e jogo de cintura para se manter digna e honrada dentro de
uma sociedade...
Contrariando
a ordem cronológica das novelas globais, onde o CADEIRUDO E A MULHER DE BRACO
são identificados nos capítulos finais... aqui no Ingá a caça a COMIM e a FAVA
PURA ainda vai dar muita mistura!!!!!
Nesse contexto, o que fica de verdade da ficção é que as assombrações são sempre os VIVOS!!!
Nesse contexto, o que fica de verdade da ficção é que as assombrações são sempre os VIVOS!!!
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A Mulher de Branco, da novela Tieta. |
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