Conhecido pelos maus
tratos com os quais o senhor Ludovico de Melo Azedo tratava seus escravos, a
história do Mata Nego no Ingá, tornou-se referência para qualquer pesquisador
que queira estudar a experiência escravocrata no município.
Segundo o livro do historiador INGAENSE Alexandre
Ferreira (Gládio, o chicote e os gritos
que não se ouviram da senzala! História e memória da escravidão na Vila do Ingá
na segunda metade do século XIX! – Editora Cópias &Papeis,2017), havia
na propriedade dos AZEDO uma geografia escravista da morte que a distinguia das
demais fazendas da época.
De acordo a obra do
escritor ingaense, a propriedade era subdividida em três partes:
MATA NEGO - era a área territorial próxima
a sede da fazenda, local este onde os escravos eram queimados vivos sob a vigília
do olhar doente e perverso de Ludovico de Melo Azedo.
A
violência contra o escravo foi tão marcante nessa fazenda, que o ato serviu para
nomear a propriedade até hoje.
ARRASTO – como escravo não era considerado
gente, ele também não poderia ser sepultado como tão. Era comum no Brasil
Imperial, encontra corpos de negros jogados em valas, no mar, em beiras de
estradas, na frente de igrejas...
No
Ingá, os escravos mortos ou assassinados pelos maus tratos que seus donos lhes
dispendiam eram jogados em um lugar conhecido até hoje como arrasto, isto por
que se arrastavam os corpos dos escravos até lá e os atiravam em um riacho. A
região do arrasto pertencia ou pertence ao Mata Nego.
ESCAPA – Escapa, como o próprio nome
denota, era a região que para o cativo ingaense, significou liberdade. Por ser um lugar de mata fechada e de difícil
acesso. Os negros fugidos da fazenda Mata Nego conseguiam escapar por lá com
mais facilidade.
As
atrocidades cometidas contra o corpo e a alma do escravo no município ainda é
sentida pela população. A violência usada foi tão exacerbada que ainda hoje faz
sangrar na população as feridas das lembranças deixadas e herdadas pelos
antepassados.
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